05/01/10
Epopeiando em prosa
Epopeiando, gerúndio do verbo "epopeiar" é, assim como o seu verbo, possivelmente, a palavra que inventei em tempos mais próximos. Não faço ideia se já existe ou não, mas também, sendo sincero, não me interessa muito... Ora, bem, qual Eneias, qual Ulisses, qual Aquiles... A minha epopeia é muito melhor, mai'piquena e com muito menos sangue. Com nenhum sangue, a bem dizer (a não ser um corte no braço direito feito há uns dias e que envolve um cesto da roupa suja, uma banheira e um pássaro... É complicado)... Ora bem, sucedeu então que, para substituir uma aula de Expressão Dramática I que não tive, precisei de ir ao Museu do Teatro. Sabem aquele edificio antigo, bonito, que fica na Estrada do Lumiar? Não? Pois, nem eu. Correu tudo bem em termos de transportes para Lisboa, apanhei o comboio, o metro e descobri que se a minha intenção tivesse sido a de ir para a faculdade, chegava lá em 25 minutos, coisa que nunca aconteceu e, por vezes, levo até cerca de uma hora e um quarto para lá chegar (só para perceberem a relatividade dos horários dos transportes...). Apanhei o metro de Lisboa, linha amarela, sentido Odivelas, se não estou em erro (e espero não estar porque daqui a bocado tenho que ir apanhar o metro na direcção oposta) e cheguei ao Lumiar feliz e contente, cerca de 45 minutos depois de ter saído de casa. Um belíssimo tempo. Tempo esse que, meteorologicamente falando, não está, também, nada mau, nada frio, mas com uma brisa agradável, quando calha. Espectáculo. Até agora, tudo corre bem para mim, perfeito. Quando descubro que não faço ideia onde fica o Museu do Teatro. Já sabia que não sabia, obviamente. Mas sabia onde era a rua onde aquilo fica, sabia isso tudo, bendito Google Maps. Agora, ir lá ter a partir do metro já era outra história... Fiz um telefonema, falei com quem sabia, lá virei no mercado do Lumiar como me disseram mas, catano!, então e agora? Perto de um stand de automóveis perguntei onde raio é que ficava aquilo. Disseram-me que ficava ao pé do Museu do Traje. Isso já sabia eu. E onde fica o Museu do Traje? Era o edificio cor-de-rosa que eu pensava ser um casarão qualquer. Ora bem, com isto passaram-se cerca de 30 minutos, sem exagero. Cheguei ao Museu do Traje e, alegria!, jubilo!, avisto a Igreja do Lumiar que, já sabia, ficava perto do Museu do Teatro. Ora, depois de se atravessar uma estrada em Lisboa, uma daquelas bem movimentadas, é que uma pessoa se torna um Homem (mesmo que a pessoa em questão tenha uma vagina) com H grande e, a partir daí, deixa de haver medo de se ir pelo caminho mais longo. Ora, benditos semáforos, porque senão acho que tinha morrido em plena Avenida Padre Cruz. Atropelado por um Smart ForTwo. Ou por aquela bicicleta vermelha com um sininho. Conduzida por um puto de 8 anos... Enfim, atravessei a rua e tornei-me um Homem. Depois, claro, feito besta, fui pelo caminho que mais voltas dava porque, se me dizem que é perto da Igreja, eu vou para perto da Igreja e, a partir daí sigo caminho. Exagerei, também não andei assim muito mais, só cerca de mais 25 metros do que era necessário. Ah! Cheguei ao Museu do Teatro, sobrevivendo! Ao entrar o guarda, rabugento que nem um Voldemort em cuecas, perguntou-me o que é que eu queria. Fingi estar também rabugento, para retribuir o favor, e disse-lhe que queria a bilheteira. Ele disse-me que estava fechada. Eu perguntei porquê. Ele disse-me que só abria às 14h00. Raios. Para não dizer a palavra 'm', que nunca se sabe quantos petizes estarão a ler isto. Bem, voltei para trás. Desta vez automatizei-me para não ir pelo caminho da Igreja e poupar-me a 25 metros. Voltei a atravessar a Avenida que antes passara para me tornar um HHomem, com dois HH grandes. E pronto, de maneiras que agora estou num café à espera de companhia para almoçar e, depois de almoço, lá vou mais uma vez ao Museu do Teatro. Desta vez sem epopeia. Espero. E, para lá vou tornar-me um HHHomem. E, para cá, serei um HHHHomem. E depois vou pintar um "Grito" de barro que fiz na aula de Expressão Plástica I. E é a minha epopeia de dia... TM